Dica da fono: Processamento auditivo
- Rafaela Maia - Foanoaudióloga parceira Integrar
- 21 de set. de 2015
- 3 min de leitura

Por meio da audição a criança terá seu primeiro contato com a língua materna, conforme escuta a voz de seus pais e do feedback dos sons que ela mesma já é capaz de produzir. Assim se da o processo inicial para que constitua a linguagem, sendo a audição um dos principais processos para esta aquisição.
Quando encontramos falhas na audição, muitas vezes percebemos que estes indivíduos podem apresentar dificuldades na fala e/ou na leitura e escrita. Com um sistema auditivo íntegro podemos perceber, analisar e reagir aos sons da fala e do ambiente.
Através de uma série de eventos do sistema auditivo denominado Processamento Auditivo que somos capazes de realizar a análise dos sons.
É essencial que estruturas do sistema nervoso central estejam íntegras para um desempenho adequado na análise dos sinais acústicos verbais e não verbais pelo sistema auditivo central. Qualquer alteração nas etapas do processamento auditivo pode levar a alterações na maneira em como o indivíduo interpreta os sinais acústicos e podendo ter como consequencia alterações na fala, leitura e escrita.
Em casos em que o indivíduo possui audição normal, mas queixam-se de dificuldades na percepção auditiva, especialmente crianças que não conseguem manipular os sons da fala são aplicados testes específicos pelo fonoaudiólogo para avaliar o Processamento Auditivo com o objetivo de identificar as áreas no Sistema Nervoso Central que estão alteradas justificando as dificuldades que apresentam tanto na escola como no meio social e na comunicação.
As habilidades necessárias para integridade do Processamento Auditivo e assim aquisição sem alterações da fala, leitura e escrita são:
Atenção: capacidade de deter-se a um certo estimulo sonoro em meio a outros sons competitivos;
Detecção: capacidade de perceber a presença de determinado som;
Sensação sonora: capacidade de perceber as características do som como intensidade, freqüência e duração;
Discriminação: determinar qual tipo de estímulo sonoro está ouvindo;
Localização sonora: identificar o local de origem do som;
Associação: capacidade de ligar um som ao outro já armazenados na memória, como os fonemas para formar as palavras;
Reconhecimento: capacidade de perceber um estímulo sonoro já conhecido;
Integração: capacidade de integrar informações auditivas com outras informações sensoriais utilizando essas informações de maneira rápida e eficiente;
Compreensão: capacidade de interpretar a informação, saber o significado da informação;
Memória: capacidade de armazenar as informações acústicas para usá-las posteriormente;
Organização da saída: capacidade de sequencializar, organizar e evocar os estímulos auditivos e planejar a resposta.
Muitas vezes o Distúrbio do Processamento Auditivo pode estar alterado em pessoas que apresentam Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Síndrome de Asperger, Dislexia, entre outros. Provavelmente o Processamento Auditivo não foi à causa para o aparecimento destes transtornos, mas é secundário a eles.
A criança com DESORDEM NO PROCESSAMENTO AUDITIVO apresentam as seguintes características:
Dificuldade de atenção;
Agitação excessiva ou desinteresse;
Dificuldades de escutar em ambiente ruidoso;
Parece que às vezes escuta, às vezes não;
Sempre pergunta “han?”
Parece ligada a todos os sons do ambiente;
É esquecida;
Dificuldade em entender ordens e regras;
Confunde-se ao contar um fato ou história;
Dificuldade em se expressar, envolvendo regras gramaticais;
Dificuldade em entender palavras com duplo sentido e frases longas;
Não entende bem as piadas;
Não consegue entender bem o que lê;
Inverte ou troca letras ao escrever (p/b, t/d, k/g, j/x, f/v, s/z)
Letra feia;
Alteração de alguns sons da fala, principalmente r e l;
Baixo rendimento escolar.
O Distúrbio do Processamento Auditivo Central, quando diagnosticado, com o treinamento perceptual e ensinamento compensatório podem ser melhorados e até mesmo modificados.
O tratamento principal é feito através da fonoterapia. O fonoaudiólogo deve treinar o individuo para que desenvolva habilidades da audição, tais como: atenção seletiva, discriminação dos padrões temporais e de freqüência dos sons da fala, localização, memória, fala e linguagem. A terapia terá sempre como objetivo principal a estimulação do individuo para que ele se reorganize em relação aos aspectos da comunicação relacionados aos sons da fala.
Dicas PARA FACILITAR O APRENDIZADO DAS CRIANÇAS COM ALTERAÇÕES NO PROCESSAMENTO AUDITIVO EM sala de aula
Em sala de aula sentar a criança longe do corredor e das janelas e não mais que 3 metros do professor
Ganhar a atenção da criança antes de ensinar:
Chamar pelo nome;
Ou usar toques gentis.
Falar de forma clara e bem articulada com bom tom de voz e utilizando frases curtas.
Certificar-se de que a criança entendeu a atividade a ser realizada ou a mensagem que foi transmitida fazendo perguntas sobre o que foi dito.
Reformular as mensagens que não foram compreendidas com vocabulário simples e frases curtas.
Preparação de conceitos e vocabulários novo antes das aulas: explicar a criança o significado de novas palavras.
Lista de vocabulário chave no quadro: se possível escrever palavras chaves da explicação no quadro.
Usar sempre um auxílio visual: associação audio-visual.
Escrever as instruções de forma organizada e lembretes.
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